sábado, 11 de setembro de 2010

Justiça do Trabalho nega vínculo entre pastor e igreja

Notícia meio antiga, mas eu fiquei sabendo só ontem.

O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região negou provimento ao Recurso Ordinário que um pastor interpôs em face de uma sentença que julgou a improcedência de seu pedido de vínculo com uma entidade que reúne igrejas evangélicas de Santos - SP.

Vou colocar a fonte da notícia ao final para quem quiser ler a íntegra, mas vou me abster de detalhes muito técnicos (já dizia o poeta: "sou técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica").

Resumo da ópera: um certo pastor de uma igreja evangélica entrou na Justiça do Trabalho pedindo vínculo empregatício e as verbas decorrentes desse vínculo. O juízo de primeira instância julgou sua ação improcedente, de forma que o pastor recorreu da decisão, mas que foi mantida pelo Tribunal de segunda instância.

A notícia não diz o nome das partes (do pastor ou da igreja), mas é possível descobrir isso dando uma leve fuçada na Internet. Eu mesmo pensei que fosse uma determinada igreja no caso, mas não, é outra, ainda que bem parecida em seu ramo de atividades. É possível descobrir a íntegra da sentença e dos acórdãos também (houve oposição de Embargos de Declaração perante o Tribunal, que também já foram julgados).

Em síntese, o pastor alegou que sua relação com a igreja tinha todos os requisitos necessários para a configuração de um contrato de trabalho (que são a subordinação, a pessoalidade, a onerosidade, a habitualidade, bla bla bla), inclusive com controle de jornada e imposição de metas.

Já os argumentos que julgaram a improcedência dos pedidos do pastor foram que a lei permite a contribuição  previdenciária autônoma para padres e pastores, que o sacerdócio é uma vocação e não uma profissão, que a igreja não é uma relação comercial, de merchandising ou de vendas espirituais, mas sim uma opção de vida espiritual e de divulgação da fé.

No caso em tela, se as decisões foram corretas, se o pastor deveria ou não ter entrado com a reclamação, isso eu deixo pra Justiça decidir (aliás, já decidiu). Mas é isso que se deve esperar do sacerdócio? E o lado espiritual dessa "profissão", da função social das igrejas, elas se resumem a "metas"?

Sei lá. Não critico nenhuma religião. Mas o mundo anda bem estranho ultimamente... E 2012 está cada vez mais perto...

Amém.

Fonte: http://www.trt15.jus.br/noticias/noticias/not_20100909_01.html

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Motorola Disponibilizará Android 2.2 para o Milestone no Brasil

Acabei de receber um twit da @Motorola_BR dizendo que:
"Agora é oficial: Os usuários do Milestone no Brasil terão a atualização p/ o Android 2.2 e ela estará disponível no 1º trimestre de 2011"
Resumindo a ópera, a questão foi assim. Em seu site, a Motorola havia informado que não disponibilizaria o Android 2.2 para os aparelhos do modelo Milestone no Brasil, a despeito do que faria em outros países.

Assim, os pobres usuários brasileiros teriam que ficar com o Android 2.0, ainda que tivessem os mesmo aparelhos que los gringos.

Foi quando uma galera começou a criticar a Motorola, principalmente via Twitter, colocando a hashtag #moto_fail (ou alguma variante, não lembro - e nem vou pesquisar, fode-te ae, se quiser, clique aqui) nos trending topics.

Com isso, a Motorola deve ter visto que era furada não oferecer a atualização e voltou atrás, dizendo que iria avaliar a possibilidade de oferecer a atualização ao sistema operacional mais bacana já criado para celulares até hoje.

E agora parece que a "avaliação" foi positiva: o Android 2.2 vai sair para os usuários do Milestone no primeiro trimestre de 2011.

Só restou uma pergunta:
Prezada Motorola,
E quanto ao Dext? Não vai rolar uma atualização também, não?!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Tempo Perdido

Estava aqui revendo o journal, pensando no que publicar, e abri meus contos antigos pra ver se tinha algo "publicável".
Acabei encontrando esse conto, que eu estava há algum tempo (na verdade três anos) pra revisar e alterar algumas coisas (principalmente o nome dos envolvidos - galera ia me matar se eu publicasse com os nomes verdadeiros, hehe). A idéia era escrever algumas memórias do tempo da juventude (eu ainda sou jovem, é bom ressaltar) pra fazer parte de um compêndio que eu iria batizar de "O Bando do Velho Jack". Por enquanto, esse é o único conto d'O Bando.
É levemente baseado em fatos reais (razão pela qual eu tive que alterar alguns nomes), mas ainda assim É ficção...
E não, eu não sou homofóbico, antes que me venham com pedras (ainda mais hoje em dia que está na moda dar o... digo, ser homossexual).
Bom, o conto está aí. Enjoy it!


Tempo Perdido
Osvaldo Ken Kusano

“Todos os dias quando acordo
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo”
- Renato Russo

Os três ansiavam por sair daquele lugar e o fizeram o tão rápido quanto suas condições alcoólicas permitiam.

Jack foi o primeiro. Pagou em dinheiro. Tinha pouco dinheiro – dinheiro de verdade, em papel e moeda – mas esvaziar o parco volume da carteira compensava pela conquista de tempo em sua fuga.

Neto e Luiz Rogério, que preferiram pagar em cartão respectivamente por não ter dinheiro em espécie e por querer salvar a rara nota de cinqüenta que parava em suas mãos, ainda estavam dentro do estabelecimento quando Jack passou pelo "hostess".

Para Jack, a idéia de ter um "hostess" homem (ou razoavelmente homem, segundo a tradicional concepção da Santíssima Igreja Católica Apostólica Romana – uma das poucas coisas em que Jack concordava com a Igreja era o que se referia ao propósito da criação de Adão e Eva) era um tanto quanto estranha. Ter um "hostess" maquiado, de fraque justo e cartola, isso lhe ultrapassava os limites da bizarrice.

Mas aquele era um bar GLS, e Jack concordava com a sua pouca consciência politicamente correta que não podia criticar tão duramente o lugar pela escolha do seu público ou de seus empregados, ainda que houvesse por parar ali acidentalmente.

Começou, como sempre, no boteco. O bando, ainda que desfalcado, contava com Jack, Neto e Luiz, e a bebedeira rendera um bom passatempo por quatro horas de conversa jogada fora, muita cerveja, e uma única porção de batatas fritas, que era, para os três, o pouco alimento sólido ingerido desde o almoço de cada um.

Quando o assunto por fim parou de se repetir (o que acontecia depois que não havia mais nada de novo para se falar), Neto, num breve momento de lucidez, reavivou a conversa:

- Pô, hoje é aniversário da Lu, ela tá comemorando numa balada ali na Alameda Itu.

- Alameda Itu? Lá é pico de viado, cara! – Jack lembrou.

- Quem é Lu, Neto? – interrogou Luiz. Mas a lucidez de Neto, que nunca era o mais lúcido do bando, logo lhe fugiu.

- A Luciana, ela é firmeza, acho que o lugar é tranqüilo, pega nada de viado não.

- Não conheço essa Luciana, né?

- Acho que não, mas o Luiz conhece. Aquela, peitudinha, baixinha, cabelo castanho...

- Ah, já sei quem é! Ela não é sapata?

- Se é eu não sei, mas já bati umas bronhas pra ela.

A discussão seguiu em rodeios que sempre retornavam à questões como "Lá é pico de viado?" ou "Sabe se vai ter mulher?" ou ainda "Tem certeza que o goró não é caro?".

Mas ainda que Neto não tivesse certeza de nenhuma das respostas, sua vontade de arriscar alguma diversão naquela noite era mais forte do que sua sinceridade, e foi assim que os três foram parar ali.

Verdade que só tiveram certeza de que era um lugar freqüentado pelo público GLS na hora em que já estavam lá dentro, depois de terem se comprometido a pagar uma consumação mínima, descrita numa comanda impressa em preto e rosa, onde o "hostess" havia anotado o nome de cada um. E não gostaram daquilo.

Jack e Luiz compartilhavam um sentimento de traição. Sentiam-se enganados por Neto, que se não tivesse sido atraído por duas garotas que se beijavam ardentemente (e conseqüentemente se separado do bando para tentar se enturmar com as meninas), estaria sendo açoitado pelos dois.

Ficaram no local apenas o tempo suficiente para consumir as duas cervejas que já estavam incluídas na entrada, ir ao banheiro (e se aterrorizar com a idéia de "vending machines" de preservativos dentro do banheiro unissex, onde Jack urinou por todo o chão por ter ficado longe demais do vaso sanitário ao apoiar as costas na porta para que ninguém a abrisse), e ser bruscamente advertido que "não, não queremos a sua companhia e estamos muito bem sozinhas, então vaza, mané!".

Jack saiu e acendeu um cigarro. Esperava pelos amigos quando o "hostess" comentou:

- Nossa, o seu amigo é grande, né?

Ele se referia ao Luiz. Dois metros de altura, e com certeza menos de 90 quilos, o que, para a sua altura, já era pouco.

A altura desmedida, o jeito desengonçado e a forma física delgada eram vantagem para seus amigos, que facilmente o reconheciam em multidões e lhes davam criatividade o suficiente para criar apelidos como Boneco de Olinda, Boneco de Posto, Poste com Pernas, dentre outros. Naquele momento, para Jack, os atributos de Luiz pareciam uma ótima oportunidade para um alívio cômico em sua fuga.

Jack, ainda que evitando fazê-lo além do necessário, desafinou a voz e pendeu exageradamente o peso do corpo em uma das pernas, requebrando uma das nádegas:

- Grande? Hmpf! Você ainda não viu nada! – e afastou-se, tentando crer que a sua performance havia sido extremamente necessária, e que não voltaria a repeti-la jamais.

Quando Luiz, seguido por Neto, finalmente saiu do estabelecimento, o "hostess", que se lembrava do nome composto, sonoro e melodioso, do moreno alto e esbelto que ele vira naquela noite, e que viria a lhe povoar os sonhos nas noites a se seguir, indagou:

- Já vai, Luiz Rogério? – sua voz se fez soar sibilante, pausada e cantada. Mais tarde, Luiz não admitiria, mas se qualquer mulher lhe tivesse feito aquela pergunta, ele provavelmente teria abandonado o bando e a conduzido ao primeiro motel ou hotel que encontrasse.

Os dois retardatários se apressaram em entrar no carro de Jack, que foi atualizado sobre os fatos e pôde, juntamente com Neto, rir em voz alta e com todo o fôlego que lhe sobrava nos pulmões.

O que mais irritava Luiz não era a cantada em si, nem a gozação dos amigos, algo com o que já se acostumara. Era o jeito com que o "hostess" havia pronunciado seu segundo nome, fazendo o "G" soar como "Z"... "Luiz Rozério..." Aquilo sim o irritava.

"Fucking faggot", pensou. Mas então percebeu que "fucking" não era o melhor adjetivo para acompanhar "faggot", então tentou apagar aquilo do pensamento e enrubesceu.

- Preciso desenviadar.

- Desenviadar, que porra de palavra é essa? Isso nem existe! Ou você é viado, ou não é! – Jack ainda estava eufórico pela gozação do amigo que tentava mudar de assunto. Neto tinha apagado no banco de trás. Estavam andando à esmo.

- Desenviadar, cacete. Fiquei tempo demais naquela merda cheia de bicha. Preciso tirar a viadagem do corpo.

Jack, que também estivera lá, sabia o que Luiz queria dizer. "Luiz Rozério"... Aquilo era muito engraçado, mas, para Jack, a situação dos três era trágica. Ficou se imaginando se alguém os teria visto andando por aquela região.

- Sabe, você tem razão... – disse Jack enquanto pensava em lugares em que não se importaria de ser reconhecido.

- Eu sempre tenho.

- Acorda o Neto. Nós tamo indo pra zona!

E os três seguiram em direção ao centro da cidade, prontos para recompensar o tempo perdido.

MMVIII
Revisão MMX

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Vagas Para Ilustradores e Animadores

Eu acho muito massa o jeito que esse povo que mexe com criação faz anúncios de vagas.

Confira: http://bit.ly/c0kf2d

Qualquer dia desses, quando eu tiver meu escritório, vou anunciar "Procura-se advogado trabalhista que saiba soltar hadouken"

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Solstício de Inverno (ou The Times, They Are a Changin')

Um bocado de tempo sem postar nada por aqui, hu? Ando um pouco sem motivação pra escrever (ia falar "sem inspiração", mas isso soa meio gay), meio sem assunto, e por isso abandonei um pouco o journal.

Mas acontece que hoje, 21 de junho de 2010, é solstício de inverno, ou é, pelo menos, pra quem mora no hemisfério sul do planeta. E se isso não vale um texto novo, pelo menos vale a tentativa de voltar a escrever...

Teoricamente, o solstício de inverno dura apenas um breve momento (que foi por volta das 8:30 da manhã aqui no Brasil), mas o que ele significa é muito mais amplo que isso: o solstício de inverno é o momento em que o Sol se afasta o mais longe possível da Terra, começando a se aproximar novamente logo em seguida.


Acendi uma fogueirinha por aqui, em homenagem à data (o fato de eu ser piromaníaco é apenas um detalhe). Foi algo simbólico, pequenininha, só uns gravetos e um foguinho para manter a tradição.


(pena que eu só pensei em tirar a foto depois de contemplar a queima da fogueira, então peguei só o finzinho)

A fogueira representa a transformação, a mudança. O fogo chama o calor do Sol de volta e transforma aquilo que você "põe" na fogueira. Sentimentos, emoções, conquistas, coisas que se passaram. Ou coisas materiais para quem for mais piromaníaco que eu (olha só, até me ocorreu agora que é possível fazer um paralelo com a queima dos bonecos de Dharma, ou "daruma", do budismo japonês), ainda que eu acredite se tratar de um trabalho muito mais interno e pessoal que simplesmente material. É um bom momento para fazer um retrospecto do que se passou e pedir para que coisas melhores voltem com o recomeço do ciclo que virá após o inverno.

Houveram algumas incorporações dessas tradições pagãs pela Igreja Católica, até como forma de expandir seu domínio pelos povos não católicos. Afinal, fogueiras de festas juninas não são acesas apenas para neguinho queimar a bunda em dia de Santo Antônio... No hemisfério norte, temos o Natal, e como eu disse antes, é até possível fazer um comparativo com a queima dos darumas no budismo japonês (ok, mas eu não quero fugir do assunto, então, se você tiver curiosidade sobre isso, leia aqui).

Verdade que o solstício marca, para a astrologia, o começo do inverno, mas vale lembrar que em algumas culturas, as festividades dessa data duravam alguns dias (como o Yule viking). Mas as próprias estações do ano também possuem seus significados. O inverno é o fim do ciclo, que se reiniciará com a primavera.

Então, é isso. Feliz solstício de inverno para vocês.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Technology Issues

Eu admito que não sou um grande conhecedor de tecnologias, mas com certeza sou um grande entusiasta. E como grande entusiasta, por vezes eu acabo me aventurando em alguma empreitada tecnológica que vai um pouco mais além de comprar uma nova televisão (Pana LED, por favor - ok, piada interna, não tentem entender).

Exatamente por não ser um grande "tecnólogo", muitas das minhas aventuras acabam gerando boas dores de cabeça. E ainda bem que eu tenho muitos amigos tão ou mais entusiastas de novas tecnologias do que eu, mas que com certeza entendem muito mais dessas tecnologias do que este humilde aventureiro aqui. São eles que sempre me salvam e me socorrem quando tudo parece estar perdido, e quando eu quase chego a desconfiar ter jogado uma boa quantia de dinheiro fora por total incompetência em saber usar essas tecnologias (muito obrigado a vocês, que com certeza sabem quem são).

Minhas duas últimas aventuras tecnológicas, que na verdade precisam ser vistas como uma só (já que as planejei em conjunto, apesar de ter executado cada projeto separadamente - e bem separadamente), foram um HTPC e um NAS.

O HTPC em si deu bastante trabalho. É, basicamente, um computador, mas que eu queria que não tivesse cara de computador, fosse em sua parte física (hardware), fosse em sua parte virtual (software). A idéia era montar uma estação de mídia completa, com funções gerais de execução de fotos, música, vídeos, rádio, CD, DVD e Blu-Ray, tudo controlado por controle remoto, sem teclado ou mouse. Até que consegui um resultado bastante satisfatório, mas contando a pesquisa e compra das peças até a instalação final dos programas, levou pouco mais de uns seis meses pra eu terminar de montar a criança. Envolveu um pouco de eletrônica e até mesmo artesanato! Foi demorado, mas foi bem divertido (talvez não muito para os meus amigos gênio de TI, que tiveram a paciência bastante perturbada durante esse tempo).

Já o NAS... Bem, o NAS foi até que fácil (e rápido), mas bastante frustrante a princípio. Em teoria, o NAS funciona como um grande HD externo, ligado diretamente na rede, de forma que não depende que nenhum computador esteja ligado para que se possa acessar os arquivos nele (inclusive remotamente, pela Internet). O meu tem também umas portinhas USB, de forma que se pode ligar impressoras na rede, podendo imprimir documentos também sem precisar que um ou outro computador esteja ligado para a impressão. É algo sensacional se você pensar na era do sem-fio, e a idéia era usar em conjunto com o HTPC (que não tem HD, mas um modesto SSD de 60GBs).

A instalação do NAS é fácil. Não precisa de drivers, não precisa de softwares, quase todas as configurações podem ser feitas via navegador. Mas quando eu fui testar num dos notebooks, bom, aí começou a frustração. O computador em questão estava com o Windows 7 instalado, e uma pesquisa rápida no Google me disse que os eventuais problemas reportados com o modelo do meu NAS se dava com o Windows 7. Para melhorar, não encontrei uma resposta concreta em lugar nenhum.

Testei o NAS em outros computadores também. Um deles com o Windows Vista, e outro com o Windows XP. Nos dois, funcionou perfeitamente. Tudo que eu podia fazer em relação à configuração da rede, eu fiz. Até mesmo tentei alterar o sistema de segurança da rede, baixando a proteção de WPA2 para WPA e até pra WEP. Nada disso pareceu funcionar.

Fiquei um tempão nisso, sem conseguir fazer o NAS funcionar corretamente no meu computador, até que eu descobri que a problema era a velocidade de conexão. Não sei porque diabos o meu notebook não estava conectando à rede sem-fio numa velocidade razoável, e isso que acabava por interferir no acesso ao NAS. Bastante óbvio, mas eu demorei pra perceber. E depois demorei mais ainda pra arrumar (mudei o canal do wifi, posicionei o roteador num lugar melhor, mudei o sinal pra 801.11g, e testa e testa e testa, etc).

E por quê eu falei isso tudo? Sei lá, acho que não tinha nada melhor pra falar. Pode servir de ajuda também para quem eventualmente esteja sofrendo com o mesmo problema que eu. Sem nenhuma conclusão moral magnífica dessa vez... Talvez, apenas, que as pessoas não devam se aventurar com tecnologias que elas desconhecem - a não ser que tenham amigos que entendam do assunto, e que tenham muita paciência...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Preço

Dei-me conta de que não havia publicado este conto por aqui ainda.
Por um bom tempo, tive muito ciúme dele, e por isso nunca o publiquei por aqui. Contudo, desde a metade do ano passado eu já estava disposto a colocá-lo aqui no journal.
Cheguei a cogitar um outro título. Pensei em tornar a idéia de uma raposa e de um daimiyo (do folclóre e cultura japonesa) mais clara, mas nunca encontrei nada que me agradasse. Enfim, o título nunca se alterou.
Para quem nunca o leu, o ciúmes não vem tanto da qualidade do conto. Na verdade, eu nem gosto tanto dele assim. Acho que a vontade e a idéia inicial do que eu queria expressar não bateram com o produto final, e isso são coisas que só os autores podem saber de verdade. Mas muita gente elogiou o texto, e por isso eu fiquei todo orgulhoso, como um pai cujo filho chega em primeiro lugar numa competição de natação...
De toda sorte, espero que gostem. Mais do que eu mesmo gostei.


O Preço
Osvaldo Ken Kusano

Sorveu um gole de um café escuro, forte, amargo. Deu um trago longo e profundo no cigarro, já no fim, até sentir o gosto do filtro queimado. Pendeu a cabeça para trás e fechou os olhos, ainda que não mais pudesse ver, mesmo com eles abertos.

- Então é isso. – disse afirmativamente, ainda que com ar de indagação. Jogou a bituca ao chão.

Do cobertor gasto, pulgas que lhe mordiam os tornozelos finos saltavam para o carpete puído e já quase sem pêlos, todo marcado pela velha cadeira de rodas.

- Se é o que você realmente deseja. – respondeu-lhe a jovem bem vestida, com a escuridão da noite presa em seu coque. Os delgados olhos verdes a fitar o homem à sua frente.

Era uma moça bonita. Tinha uma pálida e elegante beleza que fazia inveja à lua.

Fitava-o seriamente. Não com desdém. Não com raiva ou rancor. Seu rosto era apenas uma moldura vazia, uma tela em branco com um toque de sensualidade que faria qualquer homem se sentir incompleto em não poder ver.

- Desejo... – o pensamento poluído pelo ar viciado do pequeno apartamento lhe fugiu dos lábios finos e azulados.

- Meu único luxo, em todos esses anos, foi este apartamento. Nada mais.

- Muito justo para quem quis viver de amor.

- Amor? – disse tossindo – Amor não existe. Tudo é desejo e carne e fel. E agora a morte.

Fez que ia se levantar, uma última e única vez, mas desistiu.

- Suas pernas já foram mais fortes. Terras você já teve. Houve o tempo em que qualquer homem ou mulher se curvaria a você.

Procurou pelas mãos delicadas e bem cuidadas da jovem moça, que lhe passou o cigarro recém acendido. A bituca marcada com seu batom escarlate. Tragou-o, e a fumaça que vagarosamente expirou tomou som; palavras entre gemidos:

- Não me arrependo. Talvez por já fazer muito tempo, mas muito mais por passar a viver desde então.

- Queimaram seu castelo. Seus homens caíram em desgraça. Nunca mais falaram seu nome novamente.

- Eu já havia atravessado os mares. Com você. Era o que me bastava.

Fez uma pausa, aguardou a sirene que gritava na rua se afastar. Tomou fôlego e então, em meio aos barulhos da rua, prosseguiu:

- Bebi e gastei tudo que tinha. Você sempre ao meu lado. Guerras começaram e acabaram, mas tinha você sempre ao meu lado. Então eu envelheci, e você se foi.

- Eu tentei.

- Não. Você desistiu. Mas sempre voltou. Todo ano. E aqui está você.

- Eu me liguei a você. Por todos esses anos, nossas almas ainda estão ligadas. As pessoas chamam isso de...

- Amor? Amor não existe! – parou ofegante. Expirava dúvida.

- Muitos anos se foram. – disse a jovem, com um ar piedoso e cheio de dor.

O silêncio reinou por minutos, mas que pareciam horas. Quase não se ouvia a respiração de nenhum dos dois.

O velho, olhos fechados, estava caído em sua cadeira de rodas, como um corpo sem vida.

Abriu os olhos novamente, enxergando nada mais que a escuridão à sua frente.

A piedade da jovem se transformou, e os finos olhos verdes agora procuravam uma resposta no rosto enrugado e inexpressivo do homem sentado contra a janela. Ao longe, a lua observava a tudo, imponente no céu.

- Tem certeza? – indagou o velho.

- A velha bruxa do bairro oriental disse que funcionaria.

Esperou e assentiu com um menear da sua fronte calva.

A moça soltou seus cabelos negros e compridos, aproximou-se do velho, e beijou-lhe a face – Eu te amo.

- Tudo é desejo e carne e fel...

Aos poucos a cor lhe fugia da face. O contraste entre as madeixas da moça e a tez do homem se substituiu pelo vermelho do batom na branca face do velho.

E a lua, que invadia a janela com a candura de sua luz, olhava impiedosa para um velho homem e sua raposa ao colo.

MMVI
Revisão MMVIII
Revisão 2 MMIX

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Top Shelf é parcialmente comprada por produtora de cinema

Saiu hoje no Omelete.

A editora de quadrinhos norte-americana Top Shelf teve parte de suas ações compradas por uma produtora de filmes independentes.
A editora é responsável pela atual publicação de quadrinhos do Alan Moore (como A Liga Extraordinária) e outros autores indies em destaque, como Craig Thompson, autor de Retalhos.
Tratam-se apenas de duas pequenas empresas, mas não dá pra deixar de especular que, com isso, novos filmes baseados em quadrinhos surgirão por aí.
Parece que a maldição das adaptações continua a perseguir Alan Moore...