sexta-feira, 20 de junho de 2014

Retorno da Porsche a Le Mans

Final de semana passado (14 e 15 de junho) tivemos as 24 Horas de Le Mans, uma das provas mais antigas e tradicionais do automobilismo, e a mais conhecida prova de endurance.

Le Mans é tão tradicional no automobilismo que devemos a ela o lance de estourar a champagne no final das corridas (o banho de champagne foi “criado” por Jo Siffert na Le Mans de 66), o lance da ignição do lado esquerdo nos Porsches, a antiga “largada Le Mans” em que carros e pilotos ficavam em lados diferentes da pista, as chaves perfuradas da Porsche (e do Fusca!!!), dentre inúmeras outras coisas.

Veja abaixo uma das influências da Le Mans no automobilismo:

(Senna dando banho de champagne na Família Real após sua primeira vitória no GP de Mônaco em 1987)

E as 24 Horas de Le Mans deste ano foram marcadas pelo retorno da Porsche, que será lembrado historicamente no futuro – escrevam isso.

Se atualmente as 24 Horas de Le Mans são dominadas pela Audi (que inclusive venceu a LMP1 deste ano), vale lembrar que a Porsche é, ainda hoje, a maior vencedora das 24 Horas de Le Mans.

Vale lembrar, também, do 917, um demônio devorador de asfalto com motor de 12 cilindros opostos e 4,5 litros de deslocamento (ahh, como a volta da Porsche podia ser sido com um Flat-12 de 5 litros!).


Para dar as boas vindas, a Audi, que domina Le Mans desde a saída da Porsche em 1999, fez o vídeo abaixo:


Apesar da hegemonia da Audi, mantida também neste ano, a volta da Porsche, que não usou um Flat-12 de 5 litros, não passou em branco.

A Porsche retornou a Le Mans com o 919 (referência ao 917 do passado, e ao 918, híbrido da marca atualmente em produção), um protótipo equipado com motor V4 híbrido de 2 litros turbo já apresentado nas 6 Horas de Silverstone em abril deste ano, pelo WEC.

Tivemos também o retorno de Mark Webber a Le Mans, que havia saído da categoria após um acidente com o carro da Mercedes em 1999.

(Mark Webber dando um backflip nervoso em Le Mans aos 7min e 45s)

Este ano, Mark Webber correu com o 919 #20 da Porsche, juntamente com Timo Bernhard e Brendon Hartley, classificando-se em 4º no grid de sábado.

A Porsche também marcou o 2º lugar do grid com o 919 #14 pilotado por Romain Dumas, Neel Jani e Marc Lieb.

Já iniciada a corrida, e ao final da 21ª hora da prova, o Audi R-18 e-Tron #1 deLucas di Grassi, Marc Gené e Tom Kristensen, teve que ir aos boxes para consertar um problema com o turbo, quando abriu espaço para o 919 #20 liderar a prova, no final do segundo terço da prova.

Há menos de 3 horas do fim da corrida, entretanto, o 919 #20 teve um problema com a bomba de óleo, abandonando a prova, e dando espaço para a Audi vencer, e com dobradinha...

E para parabenizar a equipe de Ingolstadt, a marca de Stuttgart fez o vídeo abaixo (em resposta ao vídeo de boas vindas da Audi), já deixando recado para 2015:


Pois é. Que venha a Le Mans de 2015!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Então é Natal...

É chegado o Natal, data cristã que celebra, além desse sentimento coletivo de gratidão, paz, amor fraterno e doação, o nascimento de Jesus Cristo.

No entanto, algo que poucas pessoas sabem, o Natal tem origem pagã.

São vários os elementos pagãos que foram incorporados pelo sincretismo católico no século IV, a grande maioria envolvendo a comemoração do solstício de inverno, que ocorre por volta do dia 22 ou 23 de dezembro no hemisfério norte da Europa.

Um que sempre se mantém fresco na minha memória, contudo, é o da mitologia viking e da adoração nórdica ao deus Wotan (ou Odin para os íntimos).

"O Bom Velhinho"


A “história do Natal” começa, porém, com Loki, um dos deuses aesires, e a construção de uma muralha em volta de Asgard, um dos nove mundos da mitologia viking.

A construção da muralha ao redor de Asgard havia sido encomendada pelos aesires a um pedreiro que havia se apresentado como Blast.

Caso a muralha fosse construída dentro de um prazo de 7 dias, o pagamento de Blast se daria por meio da mão de Freya, deusa do amor e da fertilidade.

Os aesires acreditavam que o prazo estabelecido era curto em demasia para que um humano qualquer pudesse construir a muralha, e, dessa forma, teriam a muralha construída de graça.

No entanto, Blast não era um humano, mas sim um gigante de pedra disfarçado, que também era auxiliado por um cavalo mágico.

A construção seguiu em tempo recorde, e os aesires estavam receosos de ter que oferecer a mão de Freya a Blast.

Assim, Loki se transformou em uma égua, a fim de distrair o cavalo mágico de Blast e impedir que o prazo fosse cumprido.

Sem a ajuda de seu cavalo, Blast não conseguiu cumprir o prazo estabelecido, e foi impedido de se casar com Freya. Enfurecido, revelou sua forma real de gigante de pedra, e foi expulso de Asgard pelos aesires.

Quando Loki retornou a Asgard, trouxe consigo seu filho, Sleipnir, um cavalo mágico de oito patas capaz de cavalgar por terra e água e voar pelos céus, que foi dado a Wotan como montaria.

E às vésperas do solstício de inverno, data que marca o início dessa estação no hemisfério norte, Wotan, montado em Sleipnir e percorrendo os céus, saía para sua última grande caçada do ano.

No retorno da caçada, Sleipnir, com fome e cansado, precisava fazer paradas, então às janelas das casas daqueles que acreditavam em Wotan, que deixavam torrões de açúcar em grossas meias para que não derretessem.

Tais gestos de adoração e de doação, eram retribuídos por Wotan com partes dos frutos de sua caçada em sinal de gratidão.

Independente da origem, se pagã ou cristã, e também independente da questão comercial, o natal, no entanto, ainda é uma data festiva de doação, de gratidão, de amor fraterno, do sentimento coletivo de transformação, de continuidade. O novo envelhece, o velho se renova, o verão que cede ao outono, que cede ao inverno, que cede à primavera, a unidade de todas as coisas.

Assim, qualquer que seja a origem ou a crença a respeito desta época, independente de presentes, de diferenças ou do quer que o seja, a todos um Feliz Natal, ou Yule, ou Channukah, ou apenas Feliz Solstício de Inverno (para nós do hemisfério sul, de verão)!

“Que seja feliz quem souber o que é o bem”

domingo, 6 de novembro de 2011

Samichlaus Bier 2011

Cerveja austríaca. Lager forte.
Bem forte!

Segundo a fabricante, essa cerveja é produzida uma única vez por ano, no dia 6 de dezembro, dia de São Nicolau (o próprio rótulo diz: "La bière du Père Noel"), passando por um processo de envelhecimento por dez meses antes de ser envazada.

Experimentei a "safra de 2011", cujo processo de fabricação deve ter se iniciado ano passado (2010).

Ao servir a cerveja, a primeira característica notada é que ela não forma o famoso "colarinho". Na verdade, é uma cerveja com pouquíssima concentração de gás.

No entanto, apesar do pouco gás, trata-se de uma cerveja "robusta", encorpada e cremosa, ainda que bem filtrada.

No copo, percebemos que a cerveja é bastante filtrada por sua coloração. É uma cerveja de tom escuro forte e bastante avermelhada, mas também bastante cristalina.

Tem um aroma bem forte, de doce torrado, como "calda de pudim".

Ao primeiro gole, a característica mais marcante de seu paladar é o tom adocicado, forte, como de caramelo. Por ser bastante densa, chega a ser quase licorosa.

Tem o teor alcólico bem forte também, de 14%, o que é bastante alto para uma lager (a Samichlaus Bier foi a lager com o maior teor alcólico que eu já tomei até hoje).

Aliás, não apenas o teor alcólico de 14% é alto para uma lager, mas também o período de envelhecimento de 10 meses, sendo que ambos devem ocorrer por conta da época e do local em que a cerveja é produzida.

Esse alto teor alcólico, inclusive, é o que não deixa o adocicado da cerveja se confundir com o adocicado do estilo Malzbier.

O teor alcólico destaca-se, também, no paladar. Junto com as notas adocicadas, o teor alcólico é uma característica que chama a atenção no sabor da cerveja, tendo um toque quase seco no final.

Aliás, o paladar, no final, traz notas muito interessantes. A cerveja tem um tom amadeirado, com um amargo torrado levemente picante.

Por ser adocicada e forte, pode ser um pouco enjoativa.

Só a encontrei em garrafas longneck de 330ml, o que é mais que suficiente para uma pessoa.

Acompanha bem doces, podendo ser servida sozinha ao final da refeição, como digestitivo.

Achei a cerveja muito adocicada no começo, sendo que o doce da cerveja se sobrepõe às demais notas, encobrindo boas características, como o amadeirado e o picante.

É uma cerveja feita para se tomar devagar, em goles lentos, e não muito gelada, sendo boa para o fim a que se propõe.

De zero a dez, nota 7 para a cerveja.